Bases Teóricas

Ao longo dos anos a contabilidade passou por grandiosas mudanças legais e práticas, já que, por existir desde os primórdios da civilização, mudou de registros arqueológicos e métodos primitivos de controle de bens, para a contabilidade do século XXI, imersa em procedimentos mais eficazes advindos das inovações tecnológicas.
 
Registros contábeis primitivos
Placa de barro micenica com registro em lã







Conforme Lopes de Sá (1997, p. 25) por volta do IV milênio antes de Cristo, os mesopotâmios e as civilizações da Suméria já usavam inscrições em placas de argila “para apuração de custos, revisões de contas, controles gerenciais de produtividade, orçamentos”. Há 2.000 anos antes de Cristo, a Mesopotâmia já adotava a razão, demonstrações e sumários de fatos patrimoniais e o estudo dessa caminhada induz a concluir que a escrita foi se adaptando aos interesses contábeis dos templos, dos palácios e dos comerciantes, conforme informa Lopes de Sá (1997, p.25).



Com o passar do tempo esses métodos foram se aprimorando e surgiu o sistema das partidas dobradas, com as denominações de crédito e débito onde todo débito corresponde a um crédito e vice-versa (LOPES DE SÁ, 1997, p.34).
Todas as informações a velocidade de um click
Mas não é preciso ir tão longe para reconhecer que a contabilidade hoje tem uma forma diferente de ser trabalhada. Segundo Lopes de Sá (1997),


Os computadores, especialmente os microcomputadores permitiram a evolução aos serviços contábeis e é ainda difícil de mensurar em toda sua extensão (...). Eliminaram-se os volumes de papéis, de documentos, de espaços de arquivos, de controles para consultas, criando, também por outro lado, a necessidade de realização de auditoria de sistemas (LOPES DE SÁ, 1997, p.171).
Não se pode negar que, contribuindo ao novo panorama da atividade contábil, estão as novas tecnologias ou TI’s – Tecnologias da Informação. Segundo Rebouças (2007, p.29), TI’s – Tecnologias da Informação “é todo o conjunto tecnológico à disposição das empresas para efetivar seu subsistema de informação e suas operações. Esse arsenal tecnológico está normalmente ligado à informática e à telecomunicação, bem como a todo o desenvolvimento científico do processo de transmissão espacial de dados.”Segundo Rebouças (2007, p.31), entre os benefícios dos sistemas de informação, estão:
·         Melhoria no acesso às informações, propiciando relatórios mais precisos e rápidos, com menor esforço;
·         Melhoria nos serviços realizados e oferecidos quer sejam eles internos à empresa, mas, principalmente, externos à empresa.
·         Melhoria na tomada de decisões, através do fornecimento de informações mais rápidas e precisas.

Conforme Padoveze (2009, p.144),
A informação contábil, como toda informação, parte de dados coletados por toda a empresa, tratando-os conforme seus critérios, para dar um formato denominado contábil, que tem uma série de características e obedece necessariamente a uma metodologia. Temos então o uso constante de programas de contabilidade com o intuito de facilitar (PADOVEZE, 2009, p.144).
Ainda segundo Padoveze (2009, p.129), “As saídas do sistema de informação contábil devem estar em coerência com a estrutura organizacional da contabilidade geral, ou controladoria.”


Outro exemplo do avanço da contabilidade com a ajuda da tecnologia é o Sistema Público de Escrituração Digital - SPED.


O projeto SPED, criado pelo Decreto n º 6.022, de 22 de janeiro de 2007, “faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento do Governo Federal (PAC 2007-2010) e constitui-se em mais um avanço na informatização da relação entre o fisco e os contribuintes.” (RECEITA Federal, 2011).
De modo geral, consiste na modernização da sistemática atual do cumprimento das obrigações acessórias, transmitidas pelos contribuintes às administrações tributárias e aos órgãos fiscalizadores, utilizando-se da certificação digital para fins de assinatura dos documentos eletrônicos, garantindo assim a validade jurídica dos mesmos apenas na sua forma digital.

“Entre seus objetivos está promover à integralização dos fiscos, mediante padronização e compartilhamento das informações contábeis e fiscais, respeitadas as restrições legais.” (RECEITA Federal, 2011).
  A Nota Fiscal Eletrônica (NF-e), por sua vez, é um 
documento de existência apenas digital, emitido e armazenado eletronicamente, com o intuito de documentar, para fins fiscais, uma operação de circulação de mercadorias ou uma prestação de serviços, ocorrida entre as partes. Sua validade jurídica é garantida pela assinatura digital do remetente (garantia de autoria e de integridade) e pela recepção, pelo Fisco, do documento eletrônico, antes da ocorrência do fato gerador (RECEITA Federal, 2011).

Esse projeto, coordenado pelo Encontro Nacional dos Administradores e Coordenadores Tributários Estaduais (ENCAT) e desenvolvido em parceria com a Receita Federal,
objetiva a implantação de um modelo nacional de documento fiscal eletrônico que venha substituir a sistemática atual de emissão do documento fiscal em papel, com validade jurídica garantida pela assinatura digital do remetente, simplificando as obrigações acessórias dos contribuintes e permitindo, ao mesmo tempo, o acompanhamento em tempo real das operações comerciais pelo Fisco. (PN da NF-e, 2011).
 
Ainda, a Receita Federal disponibiliza em seu sítio programas que fazem cruzamento de informações importantes e atestam sua veracidade. É o caso da Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física. Muitas informações declaradas já estão em poder da receita, pois outros programas (DIRF, DIMOB etc.) foram transmitidos anteriormente com tais informações.

Portanto, com os exemplos acima, podemos notar que a tendência é que a contabilidade inove cada vez mais, novos programas, novos processos. Uma interferência que só traz benefícios.

Nesse contexto está a profissão contábil. O contabilista do novo milênio se vê obrigado a se atualizar e aperfeiçoar, interando-se deste novo panorama que é a inovação tecnológica na área contábil. Um profissional que não se abre para este novo horizonte será um profissional ultrapassado e sem valor para o mercado.
Segundo Maristela Girotto (2010, p.13), do setor operacional para área estratégica dentro das empresas, graças a uma série de fatores tais como o “desenvolvimento da economia brasileira, o processo de globalização econômica das nações, o aprimoramento das tecnologias da informação e a internacionalização das normas contábeis, entre outros”, a Contabilidade “mudou de status no mercado de trabalho”. Para a autora, “a profissão está se modernizando em ritmo acelerado, tornando-se mais complexa e sofisticada, e o mercado de trabalho reclama profissionais à altura”.